Explorar o mundo das fantasias sexuais é um passo importante para o autoconhecimento e para uma vida íntima mais satisfatória. É um tema cercado de curiosidade, mas também de muitos mitos.
Vamos iniciar com uma experiência:
1- Você sabe o que são fantasias sexuais?
2- Você reconhece suas próprias fantasias?
3- Você, se inserida em um relacionamento, já conversou sobre isso com seu parceiro ou parceira?
     Agora podemos começar! Primeiro, conceitualizando: fantasias podem ter ou não relação com o desejo de praticá-las. Na verdade, buscam a excitação para a atividade sexual e/ou masturbação. Às vezes, pensamentos sobre situações ou pessoas (que podem sequer existir) fazem automaticamente seu corpo responder, como se fosse um estímulo de toque, trazendo excitação espontânea: isso é uma fantasia!
      As fantasias são absolutamente normais e comuns, ocorrendo com todos os seres humanos. Contudo, por falta de conhecimento ou medo, muitas mulheres e alguns homens bloqueiam essa parte tão especial do sexo por a entenderem como algo promíscuo, sujo ou impróprio! Porém, além de ser vivenciada por todas as pessoas desde a puberdade, reconhecê-la ajuda na libido e na vida sexual dos casais, e, ainda,  promove maior intimidade consigo mesma e a descoberta dos poderes que sua mente possui sobre seu corpo e sexo.
     As fantasias podem ser diversas, desde sexo envolvendo mais pessoas, ser observada, submissão, tapas consensuais, observar, entre várias outras, como locais públicos, etc. Mundialmente, a campeã das fantasias é o ménage à trois (sexo envolvendo três pessoas): a ideia de ser desejada por duas pessoas ou de observar a interação é muito potente. No entanto, espantei-me quando percebi que, em diversos estados brasileiros, é imensa a quantidade de entrevistados que relataram ter o sexo anal (incluindo o uso de plugs) como a maior das fantasias. Isso ocorreu-me, talvez, porque tal prática ensejaria, se for um casal, apenas diálogo, sem a necessidade de terceiros.
     O sexo em locais públicos também tem altíssima indicação, pois o risco de ser visto (exibicionismo leve) adiciona adrenalina à excitação; praias, carros e lugares inusitados aparecem no topo da lista. O uso de vibradores via aplicativo ou controle nesses lugares é bastante citado também pela adrenalina, combinado com outra fantasia muito lembrada nas pesquisas, que é a entrega voluntária de suas reações: a submissão. Colocar na mão do outro o total controle das ações e reações pode ter efeitos de bastante excitação! Até mesmo o uso de vibradores durante a relação são desejos sexuais de algumas pessoas! 


     Como não consigo ler o seu pensamento, responda a você mesma: E agora? Lembrou de alguma coisa que te causa excitação completa e espontânea como essas? A pergunta que fica é: por que muitas mulheres, principalmente, ainda não reconhecem esse ponto tão importante? Eu te conto: a dificuldade não é biológica, é cultural e psicológica.
     Há uma repressão histórica: mulheres são frequentemente socializadas para serem "desejadas" (servir) e não para serem "desejantes". Desde cedo, aprendem a priorizar o prazer do outro ou a ver o sexo apenas como resposta ao desejo masculino, bloqueando a sua própria imaginação ativa. Além disso, muitas mulheres sentem culpa, se a fantasia envolve algo considerado "sujo" ou "promíscuo" (como sexo com estranhos ou submissão), elas podem reprimir o pensamento por medo de que isso defina seu caráter moral. Por último, é importante considerar a falta de autoexploração: o desconhecimento da própria anatomia e a falta do hábito da masturbação (historicamente menos incentivada para mulheres) dificultam a conexão com o que realmente gera excitação mental.
     É necessário salientar, porém, que o desejo sexual e suas fantasias não dependem da prática. Desejar é diferente de realizar. Se quiser praticar, deve-se pensar com clareza, ter cuidados e, principalmente, realizar combinados com as pessoas envolvidas, respeitando o consentimento de todos.
     Agora que entendeu tudo, refaça o exercício inicial. Às vezes, nos falta apenas informação e, claro, alguém que te lembre que o sexo tem início na cabeça e que todos os mecanismos de prazer, desde que lícitos e consensuais, são válidos, ainda que seja apenas em pensamento.

Tchauuuuuuu!